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quarta-feira, 18 de julho de 2012
Tablets na sala de aula
E o objeto de desejo do momento e nem as escolas estão livres de
modismos. Na onda dos lançamentos de inúmeros modelos de tablet, o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou em junho que
investirá 150 milhões de reais na compra de 600 mil aparelhos para uso
de professores de Ensino Médio da rede pública de todo o País. Espécie
de computador em formato de prancheta com tela sensível ao toque, o
tablet tornou-se sensação entre usuários de tecnologia pela
portabilidade e a possibilidade de acessar a internet ou ler livros
digitais, por exemplo, com mais facilidade.
Receberão os materiais primeiramente as escolas urbanas, com banda
larga, rede sem fio e laboratório do Programa Nacional de Tecnologia
Educacional (ProInfo). A distribuição se dará no segundo semestre dentro
do Educação Digital – Política para computadores interativos e tablets,
que prevê a inclusão de tecnologias de informação e comunicação (TICs)
no processo de ensino. Os tablets virão num pacote de computadores
interativos com lousa, acesso à internet, DVD, microfone, computador e
projetor. Os aparelhos terão telas com entre 7 e 10 polegadas, câmera,
saída de vídeo e conteúdos pré-instalados.
A estratégia foi anunciada pelo ministro como forma de resolver o
problema da evasão escolar no Ensino Médio. “A escola precisa se
reinventar para atrair e dialogar com essa juventude”, afirmou na
ocasião, ao dizer que o modelo de escola atual é do século XVIII e que é
preciso renová-lo. Curiosamente, a imagem coincide com a descrita por
Jens Bammel, secretário da International Publishers Association, ao
falar sobre a febre mundial dos tablets na educação no 3º Congresso
Internacional do Livro Digital, em São Paulo. “Em todo o mundo, surgem
políticos dizendo que é preciso trazer a sala de aula para o século XXI
enquanto tiram fotos com iPads ao lado de crianças sorridentes”,
afirmou, ao descrever o que chama de “tecnofilia dos políticos”. “Na
hora, discursam sobre como se isso somente fosse capaz de dar um salto
nos indicadores de qualidade, porém, o que se forma é um ciclo de
entusiasmo em que os governos repetem os mesmos erros: criam grande
expectativa, as coisas se acalmam, as pesquisas mostram pouco ou nenhum
resultado e o projeto é enterrado quietamente. Até que um outro político
descobre um novo aparato tecnológico com que desfilar diante das
câmeras.”
Favorável à chegada das TICs à sala de aula, Sergio Ferreira do
Amaral, professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias
Aplicadas na Educação da instituição, vê com cautela o programa do
ministério. “Não é preciso ser especialista para saber que é um fetiche
comprar um aparelho sem planejamento pedagógico sério. O material não
trará ganhos se só tiver animações. Boa parte do uso dos tablets é para
leitura de arquivos de texto em formato PDF, quando ele tem um potencial
para muito mais que isso.”
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